Há um desespero descomunal que beira a transição; qualquer que seja. Um aniversário, um parto, uma morte – ou a entrada na faculdade, o fim do ensino médio… A loucura ronda a mudança.
Não é pelo início. O começo tem sabor doce, geralmente como o aroma de chiclete das roupas de bebê. Mas o fim, ainda que do seu inferno astral, carrega um peso incomparável.
Incomparável também é a sensação de borboletas no estômago com o peso das lágrimas que comumente caem com qualquer final. Ninguém parece acostumar-se ao fato de que as coisas que acabam trazem coisas que começam, em qualquer que seja a situação.
Os fins das novelas, por exemplo, sempre estão acompanhadas de algum casamento. Antes de ser um clichê, é um tapa na cara de todos – e ninguém sente. É a TV, sem nem querer, simbolizando um novo começo depois do fim. É a continuação. A gente não precisa ver o que aconteceu com o mocinho para sentir-se feliz pelo resto da vida que ele terá; a gente não precisaria ver nada do que se foi para sentir-se feliz pelo que veio depois. Quer seja a morte, quer seja a chegada dos vintes e poucos anos.
O amanhã é a única promessa que a gente tem. Foi meu pai que me disse um dia desses: nada que vai vir é longe. Longe são as coisas que passaram e que nunca voltaremos a viver. Tudo que está no futuro é muito perto.
Sabe o que isso significa? Que a morte está aqui na frente. Só nos resta saber viver.
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