Sintaxe à vontade

Sintaxe à vontade


Oi amor!
Tudo bem com você?

Comigo as coisas andam bem. Bem, lê-se: ajeitando-se devagar. Me traio quando não acredito no que vivo dizendo aos meus amigos: "Nada melhor que um dia após o outro." Dia após o outro?
"Um dia após o outro pra fechar algumas feridas, colocar as idéias no lugar, apontar novos rumos...". Dia após o outro pra cicatrizar. Dia após o outro pra curar.

Que porra de dia após o outro que nada! Estou escrevendo apenas pra dizer que desisti de você.
É isso, desisto de você. Desisto de todo esse sofrimento que você me causou. Desisto das minhas tentativas. Desisto das unhas roídas que nunca crescem de ansiedade, só de ouvir falar no teu nome.
Pode me chamar de covarde, mas vou logo avisando que mais fraco ainda é quem não sabe amar. Desisti de você!
Sei que não te experimentei muitas vezes e confesso aqui minha grande incompetência por isso. Mas as vezes experimentadas foram suficientes pra chegar a essa decisão. Vou continuar a trilhar meu caminho calmo e sereno ao lado de outros sentimentos. Lembrarei dos nossos encontros, das boas sensações causadas por você, das canções que tocavam enquanto você me beijava e até daquele cheiro de cerveja no seu cabelo que você insiste em não largar. Estaria mentindo se dissesse que não gosto de sentir o coração pulsando, as mãos suadas, pernas trêmulas e pensamentos desconexos todas as vezes que me deixei levar por ti. No entanto, estou convencida de que posso viver sem isso. Desisti de você.
Posso estar te culpando por algo que não foi sua culpa, afinal, não controlamos sentimentos. Nem nossos nem de ninguém. Todavia, desisti de você. E vou repetir isso com tanta freqüência que até meus ouvidos vão cansar-se. Desisti de você.

Muitos vão dizer que é culpa da paixão que chega subitamente, cria muitas expectativas, cega o racional, planta alguns sonhos bons e depois vai embora deixando o rastro de desilusão, deixando despedaçados e quebrados por todos os lados, mas chega de choro, de noites em claro, de músicas depressivas no fone de ouvido e de perder as rédeas da situação. Chega! Desisti de você. Inventei desculpas pra suas chamadas não atendidas, culpei os provedores pelos e-mails que nunca chegavam, chinguei os cantores e seus refrões depressivos, deletei meu próprio orgulho da minha vida. Agora chega.
Desisti de você.
E se, algum dia, você lembre que tudo poderia ter sido diferente, soletrarei com todas as letras: Desisto de você.

Beijos e, se possível, risque o até mais.

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